O prefácio de uma Bíblia voltada ao público
jovem, escrito pelo Papa Francisco, foi publicado na revista dos jesuítas “La
Civiltà Cattolica”. O Papa afirma no texto amar a sua velha Bíblia e que esta
foi “testemunha” de sua alegria e foi “banhada” por suas lágrimas: “É o
meu inestimável tesouro. Vivo dela e por nada no mundo me desfaria dela”.
Francisco dá várias sugestões aos jovens em como usá-la, ao mesmo tempo em que
confidencia a eles como lê a sua “velha Bíblia”.
Francisco iniciou o texto afirmando que os
jovens se surpreenderiam com a aparência de sua Bíblia, velha e usada, mas que
por nada faria menos dela pois ela o acompanhou em “metade” de sua vida.
Em seguida, recordou as perseguições aos cristãos no mundo na atualidade,
afirmando com certa ironia, que “evidentemente a Bíblia é um livro extremamente
perigoso, causa tanto risco, que, no entanto, em certos países, quem possui uma
é tratado como se escondesse no armário bombas ao alcance da mão”.
O Papa chama a atenção para o fato de que
muitas vezes os cristãos consideram a Bíblia como uma simples obra-literária e
chegou a fazer referências às palavras de Mahatma Gandhi que afirmava: “Aos
cristãos foi confiado um texto com quantidade de dinamite suficiente para fazer
explodir em mil pedaços a civilização inteira, para colocar de cabeça para
baixo o mundo e levar a paz a um planeta devastado pela guerra, mas o tratam
como se fosse uma simples obra literária, nada além disto”.
Contrastando esta abordagem do texto sagrado,
Francisco recorda que a Bíblia não é uma seleção de histórias antigas e
bonitas, mas “pela Palavra de Deus, a luz veio ao mundo e nunca mais se apagou.
Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada!”.
“Vocês têm entre as mãos, portanto, algo de
divino, um livro como fogo, um livro no qual Deus fala. Por isto, recordem-se:
a Bíblia não é feita para ser colocada em uma prateleira, mas é feita para ser
levada na mão, para ser lida frequentemente, a cada dia, quer sozinho como
acompanhados”, escreveu o Papa aos jovens.
Francisco sugere aos jovens a leitura
conjunta da Bíblia, assim como se vai acompanhado ao shopping ou praticar
esportes, propondo também que a leiam “ao ar livre, mergulhados na natureza, no
bosque, na beira do mar, de noite à luz de velas. Vocês fariam uma experiência
forte”. E questiona: “Ou quem sabe vocês têm medo de parecerem ridículos diante
dos outros?”
O Papa explica que a Palavra de Deus, para
mostrar a sua força e transformar a nossa vida, deve ser meditada e lida em
profundidade, pois através dela “Deus está me falando”. E confidencia
como lê a sua velha Bíblia: “Frequentemente a pego, a leio um pouco, depois a
deixo de lado e me deixo olhar pelo Senhor. Não sou eu que olho para ele, mas
Ele que olha para mim, colocando assim na escuta do Senhor. Às vezes Ele
não fala: e então não ouço nada, somente vazio, vazio, vazio…. Mas, paciente,
permaneço lá e o espero assim, lendo e rezando. Rezo sentado, porque me faz mal
ficar de joelhos. Às vezes, rezando, até mesmo adormeço, mas não tem problema:
sou como um filho próximo ao seu pai, e isto é aquilo que conta”.
Ao concluir, enfatizou: “Vocês querem me
fazer feliz? Leiam a Bíblia”.
O prefácio foi escrito para uma Bíblia
dirigida aos jovens. A ideia da obra é de Thomas Söding, professor do Novo
Testamento na Universidade de Bochu, e por longos anos membro da Comissão
Teológica Internacional da Santa Sé. Pai de três filhos, sentia a necessidade
de oferecer aos jovens uma possibilidade de acesso à Bíblia que fosse atraente.
Assim, entrou em contato com Georg Fisher (Universidade de Innsbruck) e Dominik
Markl (Pontifício Instituto Bíblico, em Roma), jesuítas austríacos e
professores de Antigo Testamento, convidando-os a colaborar com o projeto. Após
a ampla divulgação do catecismo para jovens Youcat, os autores convidaram a
Youcat Foundation (Augsburg), junto com a Katholische Bibelanstalt (Stuttgart),
para colaborar com o projeto.
Confira o texto na íntegra: