Por ocasião do Dia do Padre, na memória de
São João Maria Vianney, 4 de agosto, apresentamos a vida e ministério do jovem
padre Leandro Lenin Silva Tavares Cardoso.
Após cinco anos de intenso ministério na
Arquidiocese do Rio de Janeiro, ele embarcou, no dia 14 de julho, para uma nova
missão: cursar mestrado e doutorado na Universidade de Navarra, em Pamplona, na
Espanha. A dedicação e o amor a Deus são características que sempre remeterão à
lembrança do jovem sacerdote, que segue realizando as vontades de Cristo em sua
vida.
O despertar vocacional
O amor pela vocação sacerdotal surgiu ainda
na adolescência, quando a família frequentava a Paróquia São Benedito, em
Pilares, onde a disponibilidade e o serviço realizado pelo então pároco, padre
Luis Carlos Oliveira, despertavam no jovem o desejo de também servir a Deus
cada dia mais e melhor.
O florescer da vocação veio durante a mudança
da família para o bairro do Recreio. Na Paróquia Imaculada Conceição, o pároco,
padre Edney Gouvêa, hoje bispo da Diocese de Nova Friburgo, foi essencial na
caminhada do jovem.
Nesse período, uma pergunta se fazia
presente: “‘Por que o padre nunca falta à missa e eu, por vezes, falto?’. Essa
era uma grande questão para mim. É curioso como a disponibilidade dos
sacerdotes me tocava de modo curioso”, argumentou.
A proximidade com a Igreja era vista com bons
olhos pelos pais, Marisa e Jorge Tavares, que, apesar de não serem presentes na
vida comunitária, sempre participavam das celebrações.
“Certa vez, ainda nos meus 14 anos, minha mãe
perguntou se era isso mesmo o que eu queria. Neguei. Achava muito cedo para
dizer alguma coisa tanto para ela quanto para mim mesmo. Sentia-me atraído pela
ideia, mas ainda não sabia se era realmente isso”, contou.
Até que chegou o período de estudos, o tão
sonhado vestibular. Estudar sempre fez parte da vida do jovem Leandro, o qual
era muito incentivado pelos pais. Tal esforço resultou em recompensa: passou
para o curso de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nessa
época, era um jovem comum, dando passos em direção ao futuro, namorando e
vivendo.
A vocação ainda era uma realidade presente
nas conversas familiares, mas não tão forte como antes. “Eu queria muito
passar, porque a ideia do estudo estava mais na minha cabeça do que a de ser padre.
Mas assim que passei, tive a sensação do dever cumprido. Estava satisfeito.
Porém, foi aí que o tema da vocação voltou com muita força”, recordou.
“A primeira melhor noite de
sono da minha vida”
Para isso, era preciso resolver algumas
questões: a primeira era sobre quais seriam seus diretores espirituais, o que
foi fácil de resolver, uma vez que os padres Luis Carlos e Edney marcaram a
vida do jovem. A segunda era sobre a namorada, que resistiu por algum tempo,
mas que logo foi vencida.
A terceira e mais difícil eram os pais. “Duas
coisas me passavam na mente: a sensação da certeza de que era isso mesmo o que
eu queria, mas também a de me passar por mentiroso, uma vez que neguei e
escondi a minha vocação deles. Imaginei que eles fossem ficar avessos a essa
ideia, o que realmente aconteceu, pois viram eu me lançar mais longe nos
estudos”, ressaltou.
Sobre esse período, o sacerdote recordou que
“não foi fácil, foi bem dolorido, embora fosse um tempo cheio de expectativas e
alegrias. Tranquei a faculdade no quarto período, e entrei no seminário em
2004. Carregava a perspectiva espiritual de servir a Jesus com alegria, ao
mesmo tempo em que tinha no coração o pesar da saída conturbada de casa. Entrar
no seminário foi a primeira melhor noite de sono da minha vida, porque eu
estava no lugar que eu sempre deveria estar”, lembrou.
Oito anos depois do ingresso no Seminário
Arquidiocesano de São José, veio a ordenação sacerdotal, que aconteceu no dia
14 de abril de 2012, às vésperas da Oitava de Páscoa. Mas, Deus ainda havia
reservado outra surpresa: “No meio de tudo isso, Deus me deu como presente a
conversão dos meus pais. Então, eles retornaram a fé de maneira muito intensa,
e tive o apoio do meu pai naquilo que ele dizia não entender. Não pude ter
presente melhor do que esse. O tempo de seminário me mostrou o que é a Igreja:
quanto mais a gente serve, mais a gente se encontra na vocação”, finalizou.