D. Antonio Augusto Dias Duarte
Presidente da Comissão de Promoção e Defesa
da Vida da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Há questões que tocam
as “terminações nervosas” da inteligência e da consciência das pessoas, que têm
uma preocupação crescente com o que está acontecendo no Brasil e no mundo.
As notícias sobre a
saúde pública e a segurança urbana, sobre a economia e os personagens da
política, da Igreja Católica e de diversas instituições religiosas, etc. chegam
diariamente a essas “terminações”, e confundem as mentes de pessoas que querem
o bem do nosso país e esperam dos governos uma ordem mundial mais justa e
pacífica.
Muitas pessoas,
atualmente, sentem a dor aguda da perplexidade, ou a dor latejante da
desesperança, ou a dor intermitente da incerteza, e, sobretudo, a forte e
irradiante dor da dúvida: tudo que está acontecendo e que está sendo noticiado
deve ser aceito ou não como verdadeiro e como um sinal do progresso da
humanidade?
É preciso concordar
que, a “doença do verão”, a Zika, que está assustando a população brasileira –
especialmente as mães que estão gestando seus filhos ou que já deram a luz
crianças com microcefalia –, segue as explicações dadas pelos governantes, pelo
Ministério da Saúde do Brasil, pelas organizações internacionais (OMS, ONU), ou
essas palavras explicativas serão mais uma das várias formas de manipulação da
mente do nosso povo?
Deve-se assistir,
como espectador atônito e indignado, as várias iniciativas de ONGs abortistas e
as estratégias de fundações internacionais, que já estão se movimentando, a
fim, de legitimar – juridicamente – mais uma permissão do aborto para essas
crianças com microcefalia, cujo diagnóstico só é feito no último trimestre da
gravidez?
Deve-se ficar passivo
diante de reportagens geradas em agências internacionais de notícias e
reproduzidas na mídia nacional, e que lançam no ar poeiras de dúvidas sobre a
amizade sincera e pura de São João Paulo II com uma médica e filosofa polonesa
desde que era arcebispo de Cracóvia?
É preciso ficar
calados e omitir-se diante de tantas e tantas declarações feitas por pessoas do
mundo político, artístico e até mesmo eclesiástico, que só confundem as
consciências, sobretudo a dos jovens, desorientado-as sobre os valores
fundamentais da ética, que constroem o caráter humano e, consequentemente,
edificam uma sociedade mais humanizada e humanizadora?
Valores como a dignidade
da pessoa humana, a inviolabilidade e a sacralidade da vida humana, o
significado e a riqueza presente na sexualidade humana, a grandeza e a beleza
da família construída sobre o amor total, fiel e fecundo entre um homem e uma
mulher, a educação integral da mente, do coração e da liberdade das crianças,
dos jovens, a indiscutível e inegável formação religiosa de cada cidadão, com
toda a força das verdades e da ética que ensinam os diversos credos, etc., são
as questões nevrálgicas, que tocando as “terminações nervosas”, fazem sofrer
muitas pessoas, muitas vezes por causa da falta de palavras claras,
orientadoras e firmes sobre cada um desses bens humanos e culturais.
Muitas das questões
nevrálgicas que afligem grande parte do povo brasileiro da atualidade exigem
atitudes corajosas, e entre elas vale a pena destacar a coragem de repelir as
ideias falsas com ideais verdadeiros e atraentes.
Um desses ideais é
para o de procurar, encontrar e formar homens e mulheres, adultos e jovens, que
não queiram ser só pessoas corretas, mas que queiram ser líderes católicos, que
aspirem ser pessoas de caráter, comprometidas, articuladas e bem unidas, a fim
de criarem, todos juntos, uma força tarefa contra a cultura dominante de morte,
contra o secularismo dominante, contra a ditadura do Relativismo, contra as
ideologias destruidoras da família, contra a intolerância e perseguição
religiosa, para que haja culturas e políticas favoráveis ao bem comum do Brasil
e da sociedade mundial.
Trata-se de ter e de
aumentar o número de homens e de mulheres, de famílias e de instituições de
ensino, de paróquias e de movimentos e novas comunidades, preocupados e
decisivamente ocupados em mudar a opinião pública, as políticas públicas, a
educação publica, a moralidade pública, através de líderes bem formados na
religião e nos valores morais.
Que pedagógica a
inscrição gravada numa tábua de argila babilônica do século XI antes de Cristo:
“A juventude de hoje está corrompida até o coração. É má, ateia e preguiçosa.
Jamais será o que deveria ser, nem será capaz de preservar a nossa cultura”.
O império da
Babilônia, bem como os grandes impérios da história, ruíram não por questões
epidérmicas, mas por questões nevrálgicas, tais como a degradação moral da
família, o desprezo moral pela vida, a corrupção das autoridades civis e
religiosas, e, sobretudo, pela carência de líderes corajosos, religiosos
comprometidos com a construção de um mundo melhor.