Brasília,
1º de Novembro de 2014.
Caros párocos e demais
responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“Os setenta e dois voltaram
alegres…”
(Lc 10,17)
Depois da exaustiva missão, os discípulos “voltam
alegres” junto ao Mestre e partilham com ele os frutos de seus trabalhos:
o que fizeram, viram e ouviram! Falam e ouvem; notam os avanços e constatam as
falhas. “Aprendem fazendo”, indo e voltando, com os acertos e erros, na atenção
à vontade daquele que os escolheu, os capacitou e os enviou!
A avaliação faz parte da dinâmica
evangelizadora, pois, sem ela, corremos o risco de não percebermos nem os
progressos nem as limitações. Às vezes, inclusive, nos iludimos com as coisas
secundárias e não conseguimos enxergar o que é essencial: “Eu vos dei o poder [...]. Contudo, não vos
alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque
vossos nomes estão escritos nos céus” (Lc 10, 19-20).
Estamos chegando ao final de mais um ano em
nossa vida de discípulos missionários de Jesus Cristo. Quantas coisas bonitas
aconteceram! E, também, quantas lacunas, erros, limitações! O projeto pessoal
de vida de quem se coloca a serviço da construção da Civilização do Amor impõe
uma séria reflexão sobre a missão assumida no meio do povo. Como
evangelizadores de jovens, somos convidados a nos debruçar numa significativa
avaliação pastoral.
Os jovens são tesouros em nossas Comunidades!
Sua presença em nossos ambientes, além de nos alegrar e nos encher de
esperança, nos questiona e nos compromete. Eles têm o direito de receber
adequados e atraentes espaços, instrumentos, oportunidades que os auxiliem em
sua formação integral e na educação à fé.
Convido-os/as, portanto, a realizarem, neste
mês de novembro, na Comunidade local, um momento especial de avaliação sobre o
serviço pastoral prestado à juventude. Não precisa ser algo longo nem complexo
e, sim, prático e no espírito participativo. Com a presença de representantes
das várias forças evangelizadoras da juventude (Movimentos, Pastorais da
Juventude, Novas Comunidades, Congregações Religiosas, Catequese de Crisma,
Pastoral da Educação, Juventude Missionária, Pastoral Vocacional, Pastoral
Familiar, etc.) procurem refletir sobre estas e outras questões:
1)
Quais são as diversas “juventudes”
presentes em nossas atividades e ambientes? E quais “juventudes” não estão
incluídas em nossas ações pastorais? Por quê?
2) Quais
são as estratégias e momentos principais de “escuta” do jovem? Conhecemos, realmente, seus sonhos, suas
necessidades, suas interrogações, seus medos, suas conquistas, seus fracassos?
3)
Quais são as perguntas mais
difíceis e as questões mais desafiadoras apresentadas pelos jovens a nós? Como
encaramos isto?
4)
Nossos jovens se sentem “em casa” quando
estão conosco?
5)
Que elementos da cultura juvenil (teatro,
esporte, dança, música, redes sociais, festa, passeio, etc.) são mais
valorizados em nossos ambientes? Há investimento suficiente para isto?
6) Qual
dimensão da formação integral precisaria
ser mais reforçada em nossa Catequese
de Crisma? Dimensão Humana? Comunitária? Intelectual? Eclesial? Espiritual?
Pastoral Missionária? Social? Ecológica?
7)
Os jovens encontram momentos adequados e atraentes para a sua vivência de oração pessoal e comunitária? Eles têm
a oportunidade de saborearem a Palavra de Deus?
8)
Oferecemos oportunidades para nossos jovens desenvolverem ações missionárias e trabalhos
voluntários?
9)
Em quais momentos se nota o protagonismo juvenil?
10)
Em que espaços de decisões (Conselho
de Pastoral, Econômico, etc.) nossos jovens se fazem presentes e se sentem
valorizados em suas ideias, iniciativas, criatividades?
11)
O que estamos fazendo, principalmente com os recém crismados, para que haja
mais engajamento nas pastorais
e serviços comunitários? Temos propostas atraentes e sob medida para os jovens?
12)
Há algum momento de unidade das
diversas expressões juvenis da Comunidade?
13)
Há adultos verdadeiramente
apaixonados pelo trabalho com os jovens? Eles têm recebido convite e
capacitação suficientes para um adequado acompanhamento das novas gerações?
Se acharem complicado responder a estas
perguntas acima, que tal fazer a avaliação a partir do “ORAIO”? Explico! São
apenas cinco palavrinhas-chave que, uma vez dinamizadas na Comunidade, irão dar
um salto de qualidade na ação eclesial junto aos jovens! Entendamos um pouco:
Oração: “Os momentos celebrativos são cativantes,
profundos e comprometedores?”
Reflexão: “Como os jovens amadurecem sua fé e vocação
cristã a partir das reflexões?”
Ação: “Quais atividades estão sendo propostas para
o fortalecimento dos jovens?”
Integração: “O que está sendo oferecido a favor da
unidade e da amizade dos jovens?”
Organização: “Que organização está a serviço dos jovens e
como eles participam dela?”
De grande importância é a existência de um
PLANO PAROQUIAL (COMUNITÁRIO) DE EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE. Nada de muito
complexo e extenso! Apenas a elaboração de um norte para efetivarmos,
realmente, nosso amor pelos jovens! Algo que, num gostoso processo participativo
com representantes das expressões juvenis, ajude a exercitar o olhar coletivo
para a realidade juvenil e a busca comum de novos projetos. Se todo este
processo de construção for realizado à luz da Palavra de Deus, certamente o
resultado das reflexões irá ao encontro do projeto divino!
É isto!
Retomemos o Evangelho de Lucas. No final da
“avaliação”, “voltando-se para os discípulos em particular, disse-lhes
Jesus: ‘Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo!” Quantos sinais
de esperança os nossos jovens “são” e nos comunicam! Felizes nós que estamos
vendo isto! Quanto se fez neste ano e quanto ainda somos chamados a fazer para
favorecer a vida daqueles que Deus, carinhosamente, nos confiou para amar e
servir!
A todos vocês, abraços carregados de agradecimento
pelos sucessos alcançados! Coração repleto de orações em vista de novas frentes
para o bem das nossas juventudes! Nossa Senhora os anime na busca constante de
fidelidade à vocação de pastores e pastoras de jovens.
Com
estima,
Dom
Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
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