A frase acima, que viralizou nas redes, é do
assistente eclesiástico do Setor Juventude da Arquidiocese de São Sebastião do
Rio de Janeiro, padre Jorge dos Santos Carreira, durante uma das formações no
retiro anual do setor, ocorrido entre os dias 7 e 9 de fevereiro, na Casa São
Francisco de Sales, da Comunidade Sementes do Verbo, no bairro do Riachuelo,
subúrbio carioca. O encontro foi acompanhado de perto pelo bispo auxiliar e
referencial do Setor Juventude Arquidiocesano, Dom Paulo Alves Romão.
Foram três dias de recolhimento, oração,
formação, celebrações, adoração, partilhas e discernimentos, orientação
espiritual, pastoral e planejamentos para 2020, conclamado Ano Missionário
Arquidiocesano pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta.
Estiveram presentes um total de 30 lideranças
de 12 entre as diversas expressões de juventude das associações, movimentos e
Novas Comunidades que atuam na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Através desses
jovens, estavam representados os vicariatos Leopoldina, Norte, Oeste e
Jacarepaguá.
Pobres em espírito
Dom Paulo presidiu a Santa Missa, na noite do
primeiro dia, e fez a palestra de abertura, com o tema: “Bem-aventurados os
pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5, 3)”.
Com sua linguagem sempre cativante e cheia de
entusiasmo, desenvolveu o tema, traçando contrapontos que foram desde Santo
Agostinho até o Papa Francisco, passando por grandes nomes da literatura
italiana, como os escritores Alessandro Manzoni, Alberto Moravia e Cesare
Pavese, a escritora inglesa Barbara Ward, o teólogo Romano Guardini e aportando
em Dom Luigi Giussani, fundador do movimento Comunhão e Libertação, que é o
‘berço’ formativo de Dom Paulo, pois, segundo ele, para Dom Giussani, “todas as
bem-aventuranças são sinônimas, maneiras diferentes de falar desta pobreza, da
‘pobreza em espírito’”.
Ainda segundo o bispo referencial da
juventude carioca, “nas palavras do Papa Francisco, ‘os pobres remetem-nos para
o essencial da vida cristã.’ E Santo Agostinho escreve: ‘Há pessoas que mais
facilmente distribuem seus bens pelos pobres, em vez de tornarem-se, elas
mesmas, pobres em Deus’. Nesse sentido, quem é então o pobre? Quem não tem nada
que defender senão a própria sede, a própria espera, a própria natureza
original e, por isso, fica todo inclinado a reconhecer e a acolher quem lhe
possa responder. É a razão por que Jesus define os pobres ‘bem-aventurados’”,
explicou Dom Paulo.
E encerrou, dizendo que “por isso somos
totalmente pobres, porque, diante do mistério de Deus, o homem é nada, e a sua
consistência é relacionar-se, obedecer-Lhe a cada instante”, concluiu.
Vocação e missionariedade
A comunicação de Dom Paulo “pavimentou o
caminho” para as formações do assistente eclesiástico, no segundo dia. O também
jovem padre Jorge Carreira abordou, à luz dos Dez Mandamentos, o relacionamento
do jovem cristão com Deus, a vida de oração e intimidade com Ele, para que
sejam fecundas a vocação e a missionariedade, buscando sempre agregar as coisas
novas e antigas ao seu “bom tesouro” e abrir-se, com confiança, às constantes
novidades de Deus.
Generosidade e radicalidade
Tomando como referência o Evangelho, que
narra o encontro de Jesus com o jovem rico, problematizou:
“Jesus logo o exorta a cumprir os
mandamentos. E o jovem responde que os têm observado desde a infância. É fato
que a proposta de Jesus (‘Uma só coisa te falta: vai, vende tudo o que tem,
dá-o aos pobres e, depois, vem e segue-Me’) confrontou-o com a sua verdade
sobre: até onde, realmente, ‘cumpria os mandamentos’, até onde amava Deus sobre
todas as coisas, até onde ele não cobiçava as coisas alheias, já que era tão
rico e apegado, então, até onde ele amava o próximo (os pais, primeiramente)
como a si mesmo? Sua atitude revelou que, de fato, ele não cumpria mandamento
algum, porque não cumpria o primeiro deles: não amava a Deus sobre todas as
coisas, já que não deixaria tudo para seguir Seu Filho”, pontuou padre Jorge.
E disse também: “Isto mostra que, embora
praticante da religião, ele não tinha relacionamento com Deus. Ao se recusar
deixar tudo por Jesus e o Evangelho, ficou claro que ele, na verdade, não
cumpria nada e, por isso, faltavam-lhe a generosidade e a radicalidade”,
declarou.
Jovens ricos em Deus
Ao final de sua reflexão, parabenizou a
presença e atuação de cada jovem representante das diversas expressões de
juventude que compõem o Setor na Arquidiocese do Rio, as quais, segundo ele,
estão correspondendo ao chamado de Jesus: “Se estamos aqui, é porque, de alguma
forma, ‘vendemos tudo o que tínhamos’, assumimos nossa pobreza e acolhemos a
Cristo como nossa única riqueza. Portanto, somos a resposta que o jovem rico
não deu”, concluiu padre Jorge Carreira.
Colaboração:
Flávia Muniz – Setor Juventude ArqRio
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