Brasília,
1º de Fevereiro de 2015.
Caros párocos e demais
responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“Ele será um sinal de
contradição” (Lc 2, 34)
No Templo, no dia em que Jesus é apresentado,
Simeão profetisa que aquele Menino que veio como “Luz para iluminar as
nações” se tornará, por isto, “sinal de contradição”. Também o
jovem, pelo seu jeito dinâmico de ser nesta fase da vida, carrega em si esta
marca que, quando bem entendida e valorizada, traz benefícios para todos. É
importante reconhecer isto e garantir-lhe condições de seu desenvolvimento
sadio.
“Nunca percam a esperança e a utopia, vocês
são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada
Igreja e por sobre todo são os que podem construir uma nova Civilização do
Amor. Joguem a vida por grandes ideais. Apostem em grandes ideais, em coisas
grandes; não fomos escolhidos pelo Senhor para coisinhas pequenas, mas para coisas
grandes!” Com estas palavras o Papa Francisco se dirigiu à Pastoral da
Juventude em seu 11º. Encontro Nacional, que aconteceu em Manaus, no final do
mês passado, com a presença de jovens de todas as partes do país. Mensagem
animadora a todos os jovens e, ao mesmo tempo, questionadora aos adultos
responsáveis pela sua vida, educação e evangelização. Se, por um lado, a
decisão por uma vida significativa depende do próprio jovem, por outro, exige
dos adultos e das estruturas eclesiais condições favoráveis para uma alegre e
consistente resposta.
Por isso, nos perguntamos:
“Nossas comunidades paroquiais e os projetos
juvenis estão se empenhando para ajudarem os jovens a não perderem ‘a esperança
e a utopia’ e a se tornarem verdadeiros ‘profetas do presente’? Ou temos
perdido ricas ocasiões de formação de líderes para a Igreja e para a sociedade?
O que se faz urgente renovar em nossa oferta às novas gerações para que as
mesmas se sintam mais atraídas, corresponsáveis e capacitadas na construção da
Civilização do Amor?”
“Além disso, o que estamos fazendo de
concreto para que os jovens sejam incentivados a pensar e a apostar ‘em grandes
ideais, em coisas grandes’, como expressou o Papa?” Não dá para ignorar
que neste pedido do Papa Francisco há um forte convite vocacional aos jovens: “fomos
escolhidos pelo Senhor para coisas grandes”! A pastoral juvenil é,
intrinsicamente, pastoral vocacional, ou não é “pastoral”! Em seu bojo, todo
serviço aos jovens deve se tornar um apelo cativante, possível e concreto de
seguimento a Jesus Cristo, nas mais variadas vocações. “A dinâmica
pastoral paroquial tem se debruçado neste assunto, buscando com criatividade
novas formas de vivência da cultura vocacional no meio da juventude?”
Com a Festa da Apresentação de Jesus no
Templo, no dia 2 de fevereiro, celebramos também o “Dia Mundial da Vida
Consagrada”. A Vida Consagrada, reconhecida como uma das formas de radicalidade
de entrega na dinâmica do Evangelho, é acolhida pela Igreja e, como Jesus, se
apresenta como “luz para as nações” nas periferias existenciais da humanidade e
“sinal de contradição” na sociedade, ousando o novo, profetizando a vitória da
vida sobre a morte! A Igreja reconhece a novidade do Espírito Santo que
presenteia o mundo com homens e mulheres dispostos à entrega radical da vida à
missão evangelizadora de Jesus Cristo.
Sabendo que a Igreja precisa dos consagrados,
quais “pontas de lança” e profetismo que abrem caminhos em vista da vida do
povo, ela se compromete com a dinâmica vocacional, sinal de sua vivacidade e atualização
no tempo. Assim sendo, como nossas paróquias e comunidades têm se organizado
para envolver os jovens nesta perspectiva de Vida Consagrada?
Estamos iniciando, a pedido do Papa, o “Ano
da Vida Consagrada”. Não seria nada mau se, durante este ano, com relação a
este tema nossas paróquias fossem mais criativas, junto aos fiéis, à catequese
e às organizações juvenis. Eis aqui algumas sugestões:
-
fazer levantamento das Comunidades Religiosas presentes no território
paroquial;
-
confeccionar e expor um mural ou vídeo sobre estas Congregações;
-
esclarecer sobre a diferença entre consagrados leigos e consagrados religiosos;
-
convidar os consagrados para falarem aos jovens;
-
divulgar folhetos e outros subsídios sobre os Fundadores (as) e as atividades
do carisma;
-
pesquisar e estudar a vida dos santos que pertencem às Comunidades Religiosas;
-
organizar visitas dos jovens nas Casas Religiosas e em suas Obras Sociais;
-
celebrar os aniversários de Profissão Religiosa dos consagrados e consagradas
locais;
-
esclarecer sobre a importância e a identidade desta vocação específica na
Igreja;
É claro que, acima de tudo, a animação
vocacional entre os jovens se dá pela experiência concreta de convivência com
pessoas entusiasmadas pela própria opção de vida consagrada, afinal de contas, “A
vida consagrada não cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se
as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos
virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida
consagrada não depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida
que deve falar, uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho
e seguir a Cristo.” (Carta Apostólica do Papa Francisco para a proclamação
do Ano da Vida Consagrada, 21/11/2014).
Nossa Senhora da Candelária, Mãe da Luz,
fortaleça nossos queridos e queridas consagradas com a renovação do ardor
missionário e com o aumento de suas vocações; e auxilie nossas paróquias e
iniciativas juvenis a ousarem convites cativantes aos jovens para esta vocação
específica da vida cristã.
Com estima,
Dom
Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
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