Brasília,
1º de Março de 2015.
Caros
párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“Eu vim para servir” (cf.
Mc 10,45)
Tempo
precioso de quaresma! Que bom podermos celebrar como família este momento que
nos resgata em nossa dignidade de filhos do Pai e irmãos dos outros. A Campanha
da Fraternidade deste ano nos brinda com esta maravilhosa certeza: todos viemos
para servir!
“Eu vim para servir!” diz Jesus aos seus
apóstolos!
“Eu vim para servir!” diz a nossa Igreja ao
mundo nestes dois mil anos de história!
“Eu vim para servir!” dizemos aos jovens que
se encontram ao nosso redor!
“Eu vim para servir!” deve dizer ao mundo cada
jovem que Deus nos confia!
Uma das melhores maneiras de servir aos
jovens é capacitá-los, no amor de Jesus que os chama, para servir os outros.
Torná-los multiplicadores do amor-serviço que vem do Mestre. Portanto, a
evangelização da juventude se compromete a ajudar o jovem a se reconhecer amado
– “servido!” – por Deus e a se predispor a amar – “servir!” – seus irmãos. Para
isto, assumimos oferecer-lhe um processo formativo que conjugue
espiritualidade, estudos, convivência, atividades, participação e tudo aquilo
que possa amadurecer o protagonismo juvenil.
Entendemos por protagonismo juvenil o
compromisso efetivo do jovem com a própria vida, com sua Comunidade de fé e com
a Sociedade na qual vive. Isto depende, fundamentalmente, dele, mas, também, de
cada um de nós. “Sem o protagonismo, o jovem não é motivado para assumir
responsabilidade, para tomar iniciativa e para desenvolver habilidades de
liderança. A juventude deve ser vista, em primeiro lugar, como lugar teológico
a ser encorajada a assumir um papel de liderança e ousadia, para testemunhar a
nova evangelização e fazer chegar a todos a Civilização do Amor.” (CF 2013,
217).
O importante exercício do protagonismo
desenvolve as suas várias habilidades proporcionando-lhe autoestima e
satisfação. E, assim, todos saem ganhando: ele, a Igreja, e a realidade na qual
vive! Quanto faz bem, aos jovens, o seu envolvimento efetivo nas organizações
eclesiais! Elas são uma eficiente e rápida escola de liderança: “Participando
das estruturas da organização, o jovem desenvolve importantes habilidades de
liderança, capacidade de escutar os outros, de superar a timidez e falar em
público, de organizar e comunicar suas ideias de maneira sistematizada, de
conduzir uma reunião, de analisar criticamente a sociedade ao seu redor, de
motivar e acompanhar processos individuais e grupais, de planejar e avaliar a
ação pastoral.” (Doc. 85, 190).
O desenvolvimento deste princípio pedagógico
do protagonismo juvenil conta com o fundamental apoio nosso, de adultos
apaixonados pela juventude! Mas isto não significa que iremos substituir os
jovens em suas coordenações e trabalhos que lhe são próprios. Não podemos cair
na tentação, em nome da eficiência ou da amizade, de fazer as coisas “para” os
jovens inibindo-lhes em seu protagonismo. Quantos adultos, por causa disto,
atrapalham, mais do que ajudam!
A ação evangelizadora, ao fortalecer a opção
cristã do jovem, deve auxiliá-lo em seu processo de capacitação para servir
melhor a sociedade para interferir em suas organizações, pensamentos e
decisões. Embasado no Evangelho, fortalecido pela fraternidade e repleto de
experiências de participação na sua Comunidade, o jovem se sente muito mais
seguro em contribuir com a transformação da sociedade: nas universidades, nos
espaços públicos para a efetivação dos seus direitos, no mundo midiático, nas
relações políticas, nas parcerias sociais etc.
Nos nossos ambientes educativos e
evangelizadores, encontramos preciosas oportunidades de formação dos jovens
para a vida pessoal e para a sua ação comprometida no interno da própria Igreja
e, consequentemente, na Sociedade. O texto-base da CF 2013 (nos 290, 317, 335),
cujo tema foi sobre a juventude, nos oferece diversas propostas para o
desenvolvimento do protagonismo juvenil:
-
orientar os jovens para aderirem a organizações, instituições, diretórios
acadêmicos;
-
proporcionar condições para que os jovens formem grupos de voluntariado;
-
apoiar os jovens na organização de oficinas sobre temas ligados à promoção da
vida, à espiritualidade, à vida missionária, ao compromisso político e
ambiental;
-
incentivar os jovens a produzir, em linguagem midiática, mensagens para serem
veiculadas nas redes sociais;
-
reconhecer os jovens como sujeitos de direito,;
-
oferecer aos jovens canais de participação e envolvimento nas decisões nas
instâncias eclesiais;
-
incentivar as artes: música popular, teatro, poesia, cinema, esportes, dança;
-
incentivar a criação do site da escola, dos estudantes;
-
promover o voluntariado jovem e projetos missionários;
-
articular e potencializar grupos juvenis, pastorais da juventude, movimentos
etc;
-
reconhecer e favorecer o protagonismo juvenil na cultura midiática;
-
reivindicar que os poderes públicos assegurem mecanismos para o protagonismo
dos jovens;
-
fomentar a participação dos jovens nos Conselhos de direitos e demais espaços
de controle das políticas públicas de juventude.
Então, nossos jovens que frequentam a
catequese, grupos juvenis, eventos, bandas, movimentos, retiros, escolas,
universidades se sentem protagonista da própria história, da vida de sua Igreja
e da transformação da sociedade em que vivem? São escutados, valorizados,
atendidos em suas necessidades e sonhos? Sentem que podem opinar, colaborar,
“somar forças”?
Nossa Senhora no ajude a dizer sem medo: “eu
vim para servir” a Deus, a Igreja e o jovem que, consciente ou não, está ali em
nossos ambientes para se capacitar como cristão e cidadão a fim de servir a
sociedade como fiel discípulo missionário de Jesus Cristo.
Feliz tempo quaresmal ao lado de tantos
jovens que Deus lhe confiou para amar e servir!
Com estima,
Dom
Eduardo Pinheiro da Silva, SDB
Presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude
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