quarta-feira, 15 de junho de 2016

Sacerdote e coroinha: mártires do Sul

Durante o 4° Encontro Nacional de Postuladores realizado no Rio de Janeiro, o cônego Alexander Mello Jaeges, da Diocese de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, vice postulador da causa de canonização dos beatos padre Manuel Gómez González e o coroinha Adílio Daronch, apresentou a história de dois candidatos à canonização e salientou a figura do jovem rapaz Adílio.
Adílio Daronch nasceu em 25 de outubro de 1908, em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. Desde cedo, Adílio manifestava predileção pelas coisas da Igreja, e depois da Primeira Comunhão começou a auxiliar como coroinha no serviço do altar. Ele era um menino alegre, porém reservado; gostava de futebol e de brincar com outras crianças.
“Ele era um adolescente que ajudava nos trabalhos de casa, que gostava de praticar esportes; tinha amizades, mas também vivia a sua fé, não como algo separado da sua vida. Isto incentiva os jovens hoje a viverem de um modo diferente no mundo: apreciando o estudo, o cotidiano e as amizades, mas fazendo uma seleção daquilo que vale a pena”, revelou.
Segundo destacou o vice-postulador, o coroinha Adílio acompanhava o padre no seu trabalho cotidiano, e muitas vezes eles saíam a cavalo. As visitas duravam normalmente um mês, tempo necessário para conseguir visitar e atender as diversas comunidades que compunham a paróquia gigantesca.
“Devido à manifestação da fé e ao anúncio do Evangelho, o padre vivia ameaçado de morte. Adílio era um jovem que sabia dos perigos e das dificuldades e, mesmo diante de tudo, o seguia nas missões,” disse cônego Alexander.
O outro candidato a santo é o padre espanhol Manuel Gómez González, que desde pequeno sonhava em ser sacerdote.
Aos 25 anos, recebeu a ordenação em sua terra natal, viajando em 1904 para Portugal, onde permaneceu como pároco até 1913, mesmo ano em que veio para o Brasil por conta de uma perseguição religiosa à Igreja Católica portuguesa.
Depois de chegar ao Rio de Janeiro, foi encaminhado para o Rio Grande do Sul, onde dois anos depois foi nomeado pároco no município de Nonoai. No local, desempenhou sua missão evangelizando o povo com dedicação.
Com bondade e paciência, o sacerdote soube cumprir seu trabalho pastoral; promoveu e encorajou o Apostolado da Oração, organizou a catequese e incentivou a participação dos fiéis nas missas e nos sacramentos. Além disso, fundou uma escola na própria casa, na qual ensinava gratuitamente crianças e adolescentes.
Nesta época, o Rio Grande do Sul passava por uma revolução e muitas paróquias já não tinham mais padres, porque foram expulsos ou já tinham sido transferidos. Padre Manuel foi determinado a atender os cristãos do sertão do Alto Uruguai, mesmo sabendo do perigo que enfrentaria. 
Em 1924, padre Manuel foi abençoar um cemitério junto ao coroinha, e havia uma emboscada preparada por soldados. No local, foram amarrados em árvores e assassinados; o sacerdote com dois tiros e o menino de 15 anos com três.
“A devoção começou logo após a morte porque o local do martírio se tornou um lugar de peregrinação com muita gente rezando e pedindo a intercessão deles”, completou o cônego.

Fonte: Jornal Testemunho de Fé, página 16

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