Em comemoração aos 50 anos da publicação da
Encíclica “Humanae Vitae”, do então Papa Paulo VI, a Arquidiocese do Rio de
Janeiro promoveu o evento “Cor in Rio”, nos dias 14 e 15 de setembro, que contou
com a presença do teólogo americano Christopher West, que há 20 anos estuda a
teologia do corpo de São João Paulo II.
Bispo auxiliar do Rio e animador do evento,
Dom Antonio Augusto Dias Duarte explicou que “o tema da sexualidade sempre
esteve presente na catequese e evangelização da Igreja, em algumas épocas não
sendo o tema primordial. Porém, desde o princípio, o cristianismo sempre
prestigiou a sexualidade: para a Encarnação, foi preciso pedir a permissão de
uma mulher, Maria; a Ressurreição foi anunciada por outra mulher, Maria
Madalena. Porém, agora, é de extrema importância porque a sexualidade tem sido
banalizada. Então, quando um leigo, jovem, casado, pai de cinco filhos fala de
afetividade, relação íntima, transmissão da vida, vai contra a corrente que o
mundo prega”, esclareceu.
Dom Antonio afirmou, também, que o evento foi
totalmente preparado, divulgado e organizado somente através das redes sociais,
mostrando “a importância dela para a evangelização” e que as inscrições foram
suficientes para cobrir os custos organizacionais.
Ainda segundo ele, o encontro, que contou com
a presença de mais de 1,8 mil pessoas de todo país, além de sacerdotes vindos
do Peru, teve três pontos significativos: “o primeiro deles foi a presença
maciça de jovens, mesmo no primeiro dia, dedicado aos celibatários; depois, o
vasto conhecimento do pregador, que não abordou somente a temática, mas falou
sobre arte, beleza, música, citando Bono Vox, U2, os quais falam de sexualidade
de maneira positiva. Então, fomos da teologia ao pop rock, e isso conquistou os
presentes, levando-os ao entusiasmo de continuar estudando o tema. Além disso,
a disponibilidade daqueles que serviram foi emocionante. Orientados pelo casal
Tatiana e Ronaldo Melo, eles não mediram esforços para fazer com que o ambiente
não fosse somente de caráter conferencista, mas familiar”, salientou.
Celibato e sexualidade
O primeiro dia do encontro foi realizado na
Paróquia São José, na Lagoa, destinado aos sacerdotes, religiosos, seminaristas
e membros de novas comunidades. Na ocasião, Christopher West deu início ao
evento, afirmando que, de maneira especial, os padres são chamados a falar
sobre o plano divino para o matrimônio e a dedicar o ministério aos casais,
tendo, assim, credibilidade para orientá-los. “Muitas pessoas, às vezes, podem
questionar a vocês, sacerdotes: ‘como você pode falar de matrimônio, se não é
casado?’. Mas os padres têm grande credibilidade porque não podemos pensar que
o celibato está de um lado e o matrimônio do outro. Ambos estão intimamente
ligados”.
Ele ainda acrescentou: “não posso compreender
o que é a vida matrimonial, como sacramento, se eu não compreendo o que é o
celibato. Da mesma forma que não é possível entender o celibato, se não se
compreende o plano divino no casamento”, destacou.
Christopher West também ressaltou que não se
pode separar a vida espiritual da sexualidade, mesmo no celibato. “Os problemas
acontecem, às vezes, a partir da sexualidade, o que nos causa sofrimento e nos
faz colocá-la numa caixa. Então, vivemos uma vida espiritual separada da
sexualidade. Não é isso que ensina a nossa fé, não é esse o nosso chamado. Não
podemos colocar nossa sexualidade numa caixa porque temos medo dela; o objetivo
é integrar o corpo e a alma. Se vivemos divorciados de nosso corpo, estamos
mortos, porque é isso que significa a morte. Jesus veio para nos ressuscitar
dos mortos e Ele faz isso reintegrando o corpo e a alma”, frisou.
O teólogo ainda sublinhou que a vocação
celibatária é a doação do corpo para Deus e a Igreja. “A sexualidade afeta
todos os aspectos da pessoa humana, especialmente, a afetividade, a capacidade
de amar. Esse é o chamado do Evangelho. Ser celibatário não significa que você
não é chamado a amar com o corpo. Pelo contrário, essa é a doação do seu corpo
para a Igreja. Anjos não podem ser celibatários porque eles não têm corpos. O
homem e a mulher celibatários doam seus corpos a Cristo e à Igreja, tornando-se
pais e mães espirituais”, completou.
‘The Cor Seminar’
Já no segundo dia, aconteceu, no Centro de
Convenções Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca, o “The Cor Seminar”, o qual
contou com a participação de leigos, além de religiosos, de maneira geral. No
encontro, Christopher West tratou de temas sobre a afetividade e a sexualidade
humana, à luz da teologia do corpo de São João Paulo II.
Logo no início do encontro, ele trouxe a
proposta da vivência em 3D. “No inglês, essa expressão quer dizer ‘três
dimensões’. Porém, neste momento, os 3Ds de que falamos são: desejo, desígnio e
destino. Com a graça de Deus, aprenderemos a como direcionar nossos desejos, de
acordo com o desígnio de Deus, sendo direcionados ao nosso destino: o eterno”,
enfatizou.
Segundo ele, “temos um inimigo que odeia a
nossa fertilidade. O seu ódio, desde o princípio, tinha um foco: o útero. No
Gênesis, Deus fala a Lúcifer: ‘vou colocar inimizade entre ti e a mulher; você
vai odiar a capacidade dela de gerar filhos’. O dragão, no Livro do Apocalipse,
quer devorar o filho da mulher grávida.
Esse mesmo livro fala da clínica de aborto:
‘o dragão quer devorar a criança no útero’. Vivemos uma batalha em nosso mundo,
e Cristo veio para destruir as obras do inimigo, fazendo do útero o lugar da
vida. Essa é a nossa fé”, finalizou.
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/6978/cor-in-rio-o-plano-divino-para-o-amor-humano
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