A palavra vocação vem do latim vocare, que
significa chamado. Assim, se alguém chama, necessariamente, deve haver alguém
que escute e responda. Na mensagem pelo Dia Mundial de Oração pelas Vocações,
em 2014, Papa Francisco destacou que todo chamado exige um êxodo de si mesmo
para centrar a própria existência em Cristo e que “nenhuma vocação nasce por
si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa
do povo fiel, na experiência do amor fraterno”.
Com esse desejo, 67 jovens de oito vicariatos
da Arquidiocese do Rio de Janeiro participaram do 31º Encontro Vocacional do Vicariato
Suburbano e do 4º Encontro Vocacional Arquidiocesano, realizado na Fazenda São
Joaquim das Arcas, em Itaipava, entre os dias 15 e 19 de agosto.
Nesse encontro, os vocacionados tiveram a
oportunidade de dedicar um tempo mais específico para pensar e amadurecer o
ideal vocacional, além de trabalhar os temas da oração pessoal, da vida
comunitária e religiosa. Eles também participaram de palestras sobre o
sacerdócio e a missão do padre no mundo, de partilhas sobre temas vocacionais
mais aprofundados, de momentos de oração, adoração, missa diária e uma gincana,
cujo objetivo era promover a vida comunitária.
“Por meio de brincadeiras, competições e com
bastante garra conseguimos demonstrar, de alguma forma, para os participantes
que o caminho vocacional é, de fato, um grande desafio, mas que pode ser
trilhado na medida em que mantemos o nosso olhar fixo em Jesus e, também,
cultivamos a vida fraterna, que é um caminho de santidade”, explicou o
seminarista Islandson Felix.
O desejo de auxiliar no discernimento dos
futuros sacerdotes surgiu no coração do monsenhor José Mazine há 15 anos,
quando ele iniciou o trabalho apenas com o vocacional no Vicariato Suburbano.
Há dois anos, os retiros foram estendidos em âmbito arquidiocesano.
“Esses encontros servem para lançar as
sementes. Não posso afirmar que os 67 jovens serão sacerdotes, porém é como uma
semente que cai em terra boa e dá frutos. Nesse período de discernimento, o
apoio da família é importante e o do Cardeal Orani João Tempesta é um grande
estímulo para os vocacionados. Já estamos pensando no próximo encontro que vai
acontecer na última semana de janeiro. É um trabalho que requer tempo, mas
temos a esperança de que ele vai gerar muitos frutos”, completou.
Porém, monsenhor Mazine também ressaltou a
importância do apoio dos fiéis e das comunidades, uma vez que os encontros são
gratuitos e necessitam de doações tanto financeira quanto de alimentos para que
possam acontecer.
“Precisamos do apoio das paróquias para a
realização dos encontros, uma vez que todos os retiros são oferecidos de forma
gratuita. Todos podem contribuir; os paroquianos devem procurar os párocos.
Além disso, é um trabalho de caridade ajudar na formação de um futuro
sacerdote. Eu fui ajudado e agora tenho a oportunidade de ajudar a outros”,
finalizou.
Para monsenhor Mazine, ainda é necessário
realizar um trabalho vocacional com os mais jovens, como os coroinhas, por
exemplo, que crescem ajudando no serviço ao Altar. Ele também sublinhou com
alegria o fato das ordenações diaconais dos futuros sacerdotes serem realizadas
nas próprias paróquias de origem dos seminaristas. De acordo com monsenhor
Mazine, esse é um motivo para a Igreja se alegrar ainda mais por testemunhar um
filho na ordenação.
“É causa de imensa alegria e realização ter a
oportunidade de colaborar, um pouco que seja, com o monsenhor José Mazine, que
é o grande idealizador desse belo trabalho vocacional, nessa nobre missão de orientar
e animar esses rapazes corajosos, que já estão iniciando esse caminho de
discernimento vocacional. Por isso, precisam dessa iniciativa, de nosso apoio e
de nossa confiança, a fim de que, um dia, assim como nós, também possam dar
passos ainda mais concretos e acertados nessa busca pela realização da vontade
do Senhor da messe”, acrescentou o seminarista Islandson Felix.
A VOCAÇÃO NASCE, CRESCE E SE
SUSTENTA NA IGREJA
Numa das mensagens pelas vocações, Papa
Francisco também ressaltou que “o caminho vocacional é feito juntamente com os
irmãos e as irmãs que o Senhor nos dá: é uma con-vocação”. Se um vocacionado
precisa caminhar de mãos dadas com a comunidade paroquial que precisa
impulsioná-lo a prosseguir, o jovem também precisa conviver com aqueles que
partilham do mesmo desejo de seu coração.
Foi exatamente isso que o seminarista Pedro
Israel fez. Participante desde 2007 e, atualmente, um dos dirigentes do
encontro, ele destacou a importância da convivência com sacerdotes e pessoas
que sentiam o mesmo desejo pela vocação antes de se decidir pela vida
sacerdotal.
“Antes de tomar a decisão para ingressar no
seminário, tive a oportunidade de ter contato com padres e demais seminaristas
e partilhar sobre a vocação. Isso me ajudou a ter mais segurança para dizer meu
sim. Hoje, tenho a chance de me dedicar pelas vocações, às quais tenho muito
apreço. Além disso, para mim é importante ver os jovens ainda no período de
discernimento e, assim, poder relembrar também o início de minha caminhada
vocacional”, destacou.
Para o vocacionado da Paróquia Nossa Senhora
da Apresentação, no Vicariato Suburbano, Alexandre da Rocha Abril, foi possível
realizar uma troca de experiências durante o encontro, o que fortaleceu ainda
mais a fé dos participantes.
“O local nos propicia um profundo
discernimento do chamado de Deus em nossas vidas, além de contribuir para o
nosso crescimento espiritual e pessoal, haja vista que a troca de experiência
entre os participantes fortalece cada vez mais a nossa fé. A equipe de formação
nos levou a refletir sobre a nossa missão neste mundo. Por isso, deixo aqui o
nosso agradecimento por todo cuidado disponibilizado a todos os jovens que
participaram do encontro”.
A VOCAÇÃO FEMININA
O grupo vocacional feminino da Arquidiocese
do Rio completou dois anos em maio deste ano. Ele tem como objetivo incentivar
jovens de diversas paróquias a discernirem suas vocações tanto no sentido
matrimonial quanto na vida religiosa.
A iniciativa é das irmãs do Instituto Nossa
Senhora do Bom Conselho, que se reúnem no Seminário de São José, no Rio
Comprido, todo terceiro domingo do mês com cerca de 30 jovens, de março a
dezembro. De acordo com a responsável pelo grupo, irmã Aix de Oliveira, o
encontro busca apresentar às jovens os valores cristãos, mesmo em meio a um mundo
secularizado.
“Sabemos que nos dias atuais muitas coisas
são influenciáveis na vida da juventude. Por isso, queremos trazer essas jovens
para mais perto, para que elas entendam o verdadeiro significado dos valores
cristãos”, disse.
Muitas passam a frequentar o grupo por
curiosidade e outras tardam a visita por medo. Justamente por esse motivo a
equipe vocacional também vai às paróquias para visitar e realizar palestras.
Essa aproximação faz com que as vocacionadas estejam mais abertas e, dessa
forma, possam fazer perguntas ou tirar dúvidas.
Nos encontros também são realizados trabalhos
de formação psicológica e para a vida espiritual, com adoração ao Santíssimo
Sacramento.
“Diante de Cristo, cresce a intimidade com
Ele, cresce a vontade de servir à Igreja. Dessa maneira, as vocacionadas são
motivadas a terem uma escolha consciente”, completou irmã Aix.
Foto:
Sérgio Ribamar
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/4775/vocacao-uma-semente-que-cai-em-terra-boa
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