A banalização do mal é um fato para
amplo setor da sociedade e é exposta como entretenimento nos jogos de polícia e
bandido. Violentos filmes americanos divertem nossas crianças e jovens,
ensinado lutas e perversões. As novelas da televisão exploram cada vez mais
cenas de violência desmesurada. São conflitos, os mais hediondos, a realçarem a
falta de ética e a ausência de pudor nas relações sociais, inclusive
familiares. A propósito, mestres do pensamento fragmentado enaltecem a estética
do mal: a vilania, a bandidagem e a infidelidade.
Qual é o efeito dessa transmissão
orquestrada, quase sistemática, de desconstrução moral e de desregramento dos
costumes nas novas gerações? Reforça o mal existente e dificulta a ação
saneadora? Ou promove a discussão salutar? Disse o Mestre: “Uma árvore é
conhecida por seu próprio fruto” (Lc 6,43). De fato, vemos os efeitos adversos
em tantas situações e instâncias. Cresceu a desestruturação familiar. Diminuiu
a possibilidade de transmitir valores.
Há quem clame pela intervenção de
homens e mulheres com poder decisório, que amem a infância, a juventude, a
família e a pátria. Terão coragem de remarem contra a corrente e serem
rotulados e rechaçados como moralistas, reacionários e tradicionalistas?
Poucos. O ser ético exige a resistência solitária no combate até o heroísmo da
incompreensão. Requer Deus.
O tema ocorre às portas da Jornada
Mundial da Juventude e na continuidade da Campanha da Fraternidade voltada para
os jovens. É movido pelo acontecimento mais desagradável dos últimos dias,
ocorrido na nossa cidade, e o mais comentado. A filha de 17 anos planejou e
assassinou sua mãe, no Cachambi, bairro afastado do noticiário policial. Chocou
mais por ser matricídio e menos por ser realizado por uma jovem, menor de
idade, pois a cidade digere (?!), há décadas, o alto índice de menores
assassinados e infratores. Impressiona o número de rapazes e moças nas prisões
e de adolescentes nas casas de custódia. Assustam aos passantes os jovens
zumbis – mortos vivos – usuários de crack, que vagueiam pelas ruas como se
fossem fantasmas. Mais do que nunca se entende por que a juventude é
prioridade.
É mais confortável abordá-la pelo
caminho presente, rico de esperança pelo seu porvir. É o jovem em face à nação
brasileira e na Igreja, assumindo o processo de sua educação e formação. É a mocidade com futuro, já em construção. Ela está nas famílias, nos lares, nas escolas, nos colégios, nas universidades, nas paróquias, nas associações, nos movimentos, nos grupos, nos grêmios, etc. É bela a juventude. A pátria e a Igreja a encontram e a enaltecem.
Apesar do desconforto, é preciso também olhar os jovens pelo outro lado em que se situam, pedindo ou rejeitando socorro. Em parte, a nação e a Igreja os encontram, apesar da carência de verbas e de pessoal qualificado, o profissional especializado. Pena que seja só em parte, pois são os mais necessitados de compaixão e de recuperação psicossocial.
O drama da juventude sem amor, destruída e destruidora, faz-nos olhar para Jesus (cf. Lc 7,11-17). Ele transmite compaixão para com a mãe viúva que segue o enterro do filho. Diz-lhe com ternura: "Não chores!" Toca o caixão. Manda com autoridade: "Jovem, eu te ordeno, levanta-te!" Palavra forte acompanhada da ação vital. Dá a entender que só pela compaixão um mundo arruinado se recupera. É a compaixão ativa que desfaz a inércia e a omissão.
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