Por D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo do Rio de Janeiro
Estamos a
45 dias do início da Jornada Mundial da Juventude aqui no Rio de Janeiro. Os
últimos e mais definitivos trabalhos prosseguem com rapidez para que estejamos
prontos para acolher os jovens do mundo inteiro nesses abençoados dias.
Os
símbolos da Jornada – a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora – já estão no
Estado do Rio de Janeiro e no início de julho chegarão à nossa capital para a
última etapa da peregrinação.
As últimas
visitas dos responsáveis pela vinda do Santo Padre já aconteceram e as últimas
definições, juntamente com as autoridades brasileiras, já foram tomadas.
As
famílias, escolas, quadras, salões se preparam para acolher jovens de 170
nações e com 55 idiomas. Os locais de catequese, com seus respectivos idiomas,
já foram definidos e começam a ser preparados com alegria pela comunidade
paroquial local.
As viagens
marcadas e os deslocamentos agendados, cidade organizada e preparada para
receber um evento diferente: jovens que querem ser protagonistas de uma nova
humanidade na história! Para isso querem simplesmente viver a vida cristã como
ensinou Jesus Cristo e, em diálogo com todos, propor tempos novos.
Nesse
sentido, a liturgia deste domingo é para nós um belo e importante sinal. Fala
da ressurreição do filho da viúva de Naim. A consternação geral com o filho
único de uma viúva sendo sepultado nos fala de limites humanos. Demonstra toda
a questão da dor do momento e a incerteza do futuro. Nas tradições da época,
uma viúva é alguém desamparada. E mais: a morte de um jovem que, segundo os
cálculos humanos, ainda tem muito tempo de vida pela frente, sempre desperta
uma situação incômoda nas pessoas ao redor.
Diante
desse quadro, vemos também as realidades de hoje. São muitas dores e situações
que machucam a quem observa a realidade da vida ao redor. O nosso tempo parece
demonstrar que existe uma solidão que machuca as pessoas. Muitas vezes, a falta
de perspectivas para o futuro torna a pessoa desanimada. Continuamos ainda com
guerras fratricidas, bombas, violência, assaltos, mortes, pessoas trucidadas,
ódios e tantas situações a conviver conosco nesse único planeta que temos para
viver. Agora que as comunicações são mais ágeis, estes acontecimentos inundam
nossas mentes pelos meios de comunicação ou pelas mídias sociais.
Também
hoje temos muitas realidades que choram o jovem filho único que jaz prostrado
“na morte” causando consternação ao redor.
Cristo se
aproxima, dizendo “não chore”. Manda parar o féretro e diz a palavra de
salvação ao morto: “jovem, eu te ordeno, levanta-te”! E as maravilhas
aconteceram. O jovem foi entregue à mãe e a exultação ao redor fez espalhar a
notícia.
Como
naquele tempo, hoje também Cristo se aproxima das estradas do mundo onde muitos
sepultamentos acontecem, para reavivar a esperança no coração das pessoas.
Ainda hoje, a esperança de uma nova vida ressuscitada está no íntimo de muita
gente.
Uma
Jornada Mundial da Juventude é essa oportunidade para seguidores de Jesus
percorrerem as estradas anunciando a vida e a ressurreição! O querigma tão
necessário para a humanidade terá na diversidade de línguas e nações uma
interpretação jovem, que deverá contagiar a todos.
Agradecemos
a Deus por poder proporcionar esse lugar para este encontro de esperança e
trabalho pelo futuro da humanidade. São muitos os trabalhos e inúmeras as
preocupações. Mas temos certeza de que estamos construindo o futuro.
Teremos
alguns legados nesta Jornada: trabalho em rede com os dependentes químicos, com
a inauguração de uma ala de um hospital, orientações ecológicas para os jovens,
trabalho pela paz no mundo em conjunto com a ONU, aprofundamento da questão social
e possíveis soluções.
O país
também terá uma visibilidade muito grande e poderá demonstrar que está
preparado para grandes eventos com a Semana Missionária e com a JMJ. Em tempo
de crise, a movimentação financeira, sem dúvida, ajuda a muitos que estarão
prestando os mais diversos serviços.
A abertura
de nossas casas e outros locais para acolher os peregrinos marca uma maior
abertura para o “outro”, que somos chamados a ver como irmãos. Em tempos de
tantas desconfianças das pessoas, do próximo, como aparece com o medo que se
espalha pelo mundo e também por aqui, acolher o outro que vem de longe é um
sinal que modifica nossa mente e comportamento.
Porém, o
grande legado está na palavra de Jesus no Evangelho deste domingo:
“levanta-te”! Sim, a esperança de tempos novos, em que as mortes sejam vencidas
e que as pessoas busquem o que é essencial em suas vidas, lutando por sonhos
que se concretizam em uma sociedade justa e fraterna que se espalha pelo mundo
afora, estará na certeza de nossos corações. Não teremos como mensurar esse
resultado, diferentemente dos outros, mas temos certeza de que o mundo será
diferente com esses jovens protagonistas que farão essa bela experiência de
“encontro” na JMJ aqui no Rio de Janeiro.
Por isso,
trabalhamos com mais afinco, lutamos com mais ardor, buscamos servir com mais
alegria, acolhemos com o coração aberto e olhamos para o horizonte na certeza
de que contribuímos com o amanhã. Com tudo isto, poderemos afirmar como o
Evangelho deste domingo: “Deus veio visitar o seu povo”.
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