Exaltando
a cultura do encontro e a vitória da fé, o documentário “Rio de Fé – um
encontro com Papa Francisco” apresenta a Jornada Mundial da Juventude (JMJ
Rio2013) com uma proposta interativa e jovem. A película de 85 minutos de
duração tem a direção de Cacá Diegues, da produtora Luz Mágica, e distribuição
da H2O Films. O DVD do filme, produto oficial da Jornada, será lançado no dia 5
de dezembro, com vendas em todas as lojas do país.
A película
cumpre sua proposta de provocar o diálogo ao trazer as várias vozes da
sociedade acerca da experiência de fé. “Filmamos o que vimos acontecer, ouvimos
as pessoas que fizeram acontecer. Nossa grande adesão e entusiasmo foi pela
vitória da fé, do amor e da delicadeza durante a Jornada. E pelas palavras do
Papa Francisco”, destacou o diretor.
Durante o
filme, mostra-se a cultura do encontro pregada pelo Papa Francisco, através de
cinco olhares: a da Igreja, do peregrino, da cidade, da favela e da tolerância
religiosa. Entre os depoimentos, há um amplo ‘leque’ de pontos de vista,
incluindo um membro da Opus Dei, um ateu e o teólogo Leonardo Boff. Há também
testemunhos de jovens participantes, como o de Priscila, moradora da Maré,
voluntária da JMJ, que esteve perto do Papa durante os dias da Jornada. Pode-se
acompanhar ainda a história de dois peregrinos que vieram a pé para o evento: o
argentino Albert e o cearense Fábio Mateus. O testemunho do jogador de vôlei
Riad Ribeiro é outro destaque do documentário. Ele reformou a sua casa para acomodar
peregrinos de diferentes lugares, e conta sua experiência.
O
documentário mostra também a experiência que peregrinos tiveram de conhecer
outras religiões e visitar um centro de umbanda e candomblé durante a Jornada.
O objetivo é mostrar que a crença é uma opção individual, mas que o encontro e
o diálogo entre as pessoas que professam diversos credos são necessários para o
mundo viver em paz. Outro momento registrado: o encontro de muçulmanos,
católicos e judeus em um evento realizado na PUC-Rio. Juntos levantaram temas a
respeito da fé do ser humano.
Celebrando a paz e a solidariedade
O que mais
impressionou o diretor Cacá Diegues durante a JMJ foi a experiência de fé dos
jovens. “A fé que fez com que aqueles jovens se encontrassem ao longo de uma
semana, celebrando a paz e a solidariedade, rezando, cantando e dançando sem
qualquer violência e nenhuma ocorrência policial. Como diz padre Ramon no
documentário, até os ateus se encantaram com o que viam acontecer naqueles
dias”, relatou.
A JMJ
apresentou uma juventude “católica plural, capaz de entender e aceitar a
diferença em nome do amor e da pregação cristã”, explicou Diegues. Já o Papa
Francisco trouxe ao Brasil e ao mundo “a inesquecível inauguração de uma Igreja
mais moderna, tolerante, solidária e amorosa, segundo os ensinamentos de
Cristo”, completou.
Para o
arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o filme trouxe uma
reflexão acerca da juventude, tolerância religiosa, superação, tendo como
cenário a JMJ Rio2013. “Exibe a riqueza da cultura e da diversidade brasileira.
São sotaques, crenças, opiniões, em um encontro de fraternidade e união. Traz
histórias de peregrinos que superaram longas distâncias, cansaço, calor, frio e
chuva, de um jovem que superou as drogas e a pobreza, de grupos que
atravessaram o Brasil e o mundo para participar da Jornada”, destacou.
Encontro e diálogo
O Papa
Francisco é um grande entusiasta da cultura do encontro e do diálogo. Durante a
JMJ, ele destacou que “permanecer” com Cristo não é se isolar, mas ir ao
encontro dos demais. O tema também é recorrente em seu pontificado. O Santo
Padre pede insistentemente que a cultura da confrontação seja substituída pelo
encontro para que o anúncio do Evangelho seja eficaz.
“O
encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade são os
elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana”, destacou o
Papa. De acordo com o Santo Padre, é preciso esquecer a presunção de tentar
impor as “nossas verdades”. “Fomos chamados por Deus, chamados para anunciar o
Evangelho e promover corajosamente a cultura do encontro”, disse durante a
missa com sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral de São Sebastião,
no dia 27 de julho, durante a JMJ.
“O que
Jesus nos ensina é primeiro encontrar-nos, e no encontro, ajudar. Precisamos
saber encontrar-nos. Precisamos edificar, criar, construir uma cultura do
encontro”, ressaltou o Papa em vídeo-mensagem para os fiéis reunidos no
Santuário de São Cayetano em Buenos Aires, no dia 7 de agosto.
Foram as
palavras do Papa os momentos mais importantes no documentário, segundo Cacá
Diegues. “Ele lançou a palavra de ordem para o mundo em que vivemos: a cultura
do encontro!”.
De acordo
com Dom Orani, o documentário é uma resposta ao apelo do Pontífice. “O filme dá
resposta aos pedidos do Papa Francisco: de ir às periferias existenciais e de
trabalhar por uma cultura de diálogo construtivo. Mostra o acolhimento do povo
carioca, o engajamento dos voluntários ao receber os milhões de peregrinos,
todos de braços abertos, assim como o Cristo Redentor nos inspira”, ressaltou.
Execução do documentário
Execução do documentário
Para
cobrir toda a Jornada, foram formadas cinco equipes de cerca de três ou quatro
membros cada uma. A cada dois dias, de acordo com Cacá Diegues, os diretores se
reuniam para ver o que cada um havia filmado e planejar o passo seguinte. Os
jovens diretores de cinema responsáveis pela filmagem e entrevistas foram
Gustavo Mello, Cadu Barcellos, Flora Diegues, Cadu Valinoti e Marcos Moura,
coordenados por Ana Murgel.
A
cobertura foi realizada com base em diferentes focos: os peregrinos, as
famílias acolhedoras, os voluntários de várias origens, testemunhas de outras
religiões e a presença do Papa na cidade.
Para a
execução do documentário, Cacá Diegues disse ter estado atento ao que via
durante a JMJ: “Tínhamos uma agenda do evento, mas não sabíamos o que ia
acontecer dentro de cada ação. Era preciso ter sempre os olhos e os ouvidos bem
abertos para registrar o que ia acontecendo, sem que pudéssemos adivinhar o
quê”, completou.
A escolha
dos entrevistados também foi sendo feita à medida que a Jornada acontecia.
Alguns personagens mais importantes também foram entrevistados várias vezes.
“Aqueles que diziam ou contavam coisas que mereciam registro, a gente voltava a
eles várias vezes, como personagens do filme. Essa escolha foi de Dom Orani,
arcebispo do Rio de Janeiro e intelectual muito preparado”, disse o diretor.
Este foi o caso, por exemplo, do cearense Fábio Mateus Feitosa que peregrinou a
pé até o Rio de Janeiro.
Jovens mostram experiência de fé ao
participar de documentário
O documentário
conseguiu trazer várias vozes da sociedade e apresentar uma experiência de fé e
de amor, de acordo com Walmyr Júnior, membro da Pastoral da Juventude da
Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele foi um dos entrevistados da equipe do
diretor Cacá Diegues. “A proposta do documentário é falar sobre a
religiosidade, a experiência de fé. Não só de uma prática religiosa, mas de
várias vozes da sociedade”, destacou.
A própria
Jornada, segundo Walmyr Júnior, foi uma oportunidade para um grande encontro
entre as várias partes da sociedade e da Igreja do Brasil e do mundo. “A JMJ
possibilita encontrar no rosto jovem de cada participante o Cristo que é amor,
comunhão, compaixão, partilha, independente de qual participação política,
credo”, ressaltou. Ele disse ainda que é a ocasião propícia para dialogar com a
juventude e mostrar que a Igreja está aberta a todos para construir a
sociedade.
Walmyr
Júnior lembrou ainda que, durante a JMJ, houve encontros que proporcionaram o
diálogo inter-religioso. A Pastoral da Juventude também está à frente de um
movimento de juventude inter-religiosa no Rio de Janeiro.
O
estudante de Direito Lucas Monteiro, de 22 anos, também participou do
documentário. De acordo com ele, a experiência foi única. “Eu não tinha
expectativa de aparecer em um documentário desse porte, com essa produção, e
responder sobre um tema que não é ligado diretamente à fé, que foi a minha
visão como jovem da situação política do Brasil, em especial das manifestações”,
destacou.
Lucas
Monteiro mora em São Luís (MA) e já participou de três JMJs (Colônia, em 2005,
como peregrino; Madri, em 2011, e Rio, em 2013, como voluntário). Nas duas
últimas jornadas, ele fez parte da Equipe Nacional de Jovens Comunicadores (Jovens
Conectados).
A JMJ
deixa para o Brasil um legado de questionamento da sociedade e do papel da
Igreja e do jovem, de acordo com Lucas. “Um dia, nós, jovens, é que
substituiremos os párocos, os bispos, os parlamentares, os profissionais
liberais. Quem sabe um futuro Papa tenha participado da JMJ e se inquietado
sobre a sua vocação lá! Tudo é possível!”, destacou.
Ele disse
ainda que os jovens também desejam ser protagonistas. “Acredito que o jovem se
mostrou aberto a ser participante dessa mudança. Agora cabe à Igreja do Brasil
fomentar esse jovem para as discussões que afetam toda a sociedade, suas
problemáticas e soluções, além de trabalhar a espiritualidade para que o jovem
não seja um vazio, um na estatística, mas alguém cuja atitude contribuirá para
o bem da nossa sociedade”, sugeriu.
A geração
JMJ é aquela que “ama a Cristo, que está disposta a fazer a diferença no mundo,
dentro das diferentes vocações que cada um se enquadra”, de acordo com o
estudante. A missionariedade é a marca que diferencia a Jornada do Rio das
demais. “Fazei discípulos: Cristo veio, e sua palavra é universal. O
discipulado, o apostolado, deve ser trabalhado com todos; deve-se dar a
oportunidade do discipulado a todos”, completou.
Lucas
também deixou claro que em seu depoimento no documentário não falou em nome de
uma ideologia, mas em seu próprio nome “de um cidadão jovem, que não tem a
soberana certeza de qualquer assunto. Se alguém concordar com aquilo que eu
disse, significa que a inquietação não foi só minha. E eu espero que até
aqueles que pensem o contrário daquilo que eu disse possam fazer parte da
discussão e dar a sua contribuição”.
Fonte: Jornal Testemunho de Fé
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