Por Padre Arnaldo Rodrigues
O Brasil é
jovem! Quando exaltamos esta afirmação, não estamos dizendo que apenas o seu
território e sua história são jovens, mas também sua população. É possível
perceber que nosso país é um dos que mais jovens possui.
Numa
mudança acelerada de época, nunca foi tão urgente aprofundarmos as raízes de
nossa juventude nas bases do Evangelho. Guiar nosso jovens pela Sagrada
Escritura – “Tua palavra é lâmpada para meus passos, luz em meu caminho” (Sl
119,105) - , pela tradição e pelo Magistério da Igreja – “animado pela obediência
e amor aos pastores da Igreja” (No decreto “Apostolicam Actuositatem” sobre o
apostolado dos leigos).
Podemos
dizer que nossa juventude, como em outros tempos, necessita de testemunhos autênticos
e atuais na sociedade. E se olharmos nossa história com muita atenção, emergirão
muitos jovens, próximos de nós, que foram verdadeiros arautos do Evangelho, e
que deram, com suas vidas, verdadeiros exemplos de como vale a pena viver por
ideais verdadeiros. É sempre bom relembrar esses nomes: beato Píer Giorgio
Frassati, beata Laura Vicuña, beata Albertina Berkenbrock, Santa Teresinha do
Menino Jesus, beato Ididoro Bakanja, Santa Teresa de Los Andes, beato Adílio
Daronch, beata Chiara Luce, Satã Rosa de Lima, Santo André Kim e muitos outros
que talvez nunca conheceremos.
Não
somente os santos mais atuais de nossa época, mas ao longo da história da
salvação. Temos grandes nomes jovens que buscam em tudo fazer a vontade de
Deus, jovens que estão presentes na própria Sagrada Escritura, e que tiveram
toda sua jovialidade voltada para o serviço a Deus e ao próximo. Jovens sensíveis,
que no seu tempo e no seu contexto social não tiveram medo de dizer ‘sim’ a um
chamado de felicidade e plena realização, e que uma vez “valorizados assumiram
uma vocação missionária da vida plena em contextos não condinzentes com o
projeto divino”.
Se
olharmos bem, perceberemos que nem suas limitações pessoais, como a dificuldade
da missão, puderam impedir de responder positivamente o chamado de Deus. Dentre
diversos nomes na Sagrada Escritura, no Antigo Testamento, podemos destacar
alguns: Rebeca, que é um exemplo de jovem fiel a Deus e corajosa em suas decisões,
e que respondeu de maneira firme e decidida o convite de casar-se com Isaac,
deixando pai, mãe e irmãos (Gn 24); José do Egito, que mesmo sendo vendido
pelos seus irmãos, é resgatado e educado próximo à família do Faraó, e mais
tarde resgata também sua família, salvando-os da fome (Gn 41, 1-57); Samuel,
que ouve a voz de Deus, e por ajuda de um adulto, põe-se a serviço de Deus,
consagrando-se totalmente a Ele (ISm 3,20); Davi, mesmo muito jovem, é escolhido
para ser rei de Israel, e mesmo sendo desacreditado, lutou com inteligência e
ousadia contra Golias (ISm 17); Salomão, que pede a Deus o bem mais precioso
para governar o povo, a sabedoria; Ester, que com sua beleza, encantou o rei,
mas foi fiel ao povo, e torna-se uma liderança política; Daniel, que de forma
inteligente, intervém a favor de outra jovem, Suzana, que invocou a Deus e foi
ouvida; Isaias, que mesmo sendo jovem, aceitou o convite do Senhor para ser um
dos grandes profetas.
No Novo
Testamento, temos a figura de São João Evangelista, o mais jovem dos apóstolos,
aquele que ficou com Jesus até o final, pousou sua cabeça sobre o peito do
Senhor e dele recebeu como missão receber Maria como mãe, representando a
Igreja que a acolhe; Maria, uma jovem prometida em casamento, e que teve toda a
sua vida transformada pelo Espírito Santo. Ao responder ‘sim’ aos planos de
Deus, recebe o papel fundamental na história da salvação, “apresentando-se com
fé, obediência, coragem e liderança. Seu fiat
(faça-se)” transformou não só a sua vida, mas a história de toda a humanidade. Maria
é a jovem que foi toda de Deus, e nos educa a permanecer fiéis no chamado,
assumindo com radicalidade e coerência.
Quando
olhamos todos estes jovens, da Sagrada Escritura e da história da Igreja, nos
perguntamos: o que podemos perceber em comum em cada um deles? O que levou a
estes homens e mulheres a serem grandes sinais no mundo? A quem seguiam? O que
seguiam? O que os moveu a tanta generosidade? Na universidade, no trabalho, com
os amigos no lazer, o que faz o jovem ainda hoje a dar um ‘sim’ decidido para
uma vida nova?
A resposta
para todos estes questionamentos possui apenas um nome: Jesus. O encontro
verdadeiro com Cristo, é capaz de sacudir todas as estruturas e lógicas
humanas. Suas feições e atitudes, foram capazes de mostrar o Deus amoroso
agindo em nossa história. “A palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos
ver: Jesus de Nazaré” (Exortação Pós-Sinodal “Verbum Domini”). E este mesmo
Cristo, ainda hoje age de forma muito próxima e segura no meio de nós,
ensinando a viver uma vida plena e cheia de sentidos.
É com este
encontro, do ser humano, com a verdade, com Jesus Cristo, que é possível também
dar a vida como diversos santos e santas. Ver que em tudo buscavam realizar
suas vidas fazendo a vontade de Deus, entendendo que daquela relação de
confiança e amor se descobrirá o modelo de projeto de vida, orientando-se para
o jeito de Cristo viver: amando.
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